• Na sua 35.ªedição, a New Bond Street ultrapassou a Via Montenapoleone, em Milão, e a Upper Fifth Avenue, em Nova Iorque, assumindo a liderança do ranking global
• 58% das ruas comerciais monitorizadas registaram aumentos de renda, refletindo uma procura muito superior à oferta disponível
• Em Portugal, o Chiado mantém o 30.º lugar no ranking mundial
New Bond Street, em Londres, eleita pela primeira vez o destino de compras mais caro do mundo O relatório global de referência da Cushman & Wakefield, Main Streets Across The World, analisa as rendas mais elevadas nas principais localizações urbanas, muitas delas associadas ao setor do luxo.
Com base em dados exclusivos da Cushman & Wakefield, o estudo analisa os arrendamentos mais elevados em 141 localizações urbanas premium em todo o mundo muitas delas ligadas ao setor do luxo e inclui um índice global que classifica os destinos mais caros por mercado.
“O crescimento das rendas na New Bond Street tem sido impulsionado pela forte procura, oferta limitada e investimento contínuo no espaço público, reforçando o seu estatuto como destino global de retalho”, afirma Duncan Gillard, diretor de retalho da Cushman & Wakefield para o centro de Londres. “A zona de joalharia entre Clifford Street e Burlington Gardens, em particular, tornou-se um dos locais mais cobiçados levando muitos ocupantes a garantir contratos de longo prazo com condições favoráveis para assegurar a sua posição neste local.”
Robert Travers, diretor de retalho da EMEA na Cushman & Wakefield, acrescentou: “O apelo duradouro das principais ruas do mundo reside na sua combinação única de património, visibilidade e prestígio cultural. Estes corredores icónicos são mais do que destinos de compras; são palcos globais para a narrativa das marcas, expressão arquitetónica e envolvimento dos consumidores. Garantir um espaço nestas ruas é um desafio que exige abordagens inovadoras para desbloquear novas oportunidades.”
Chiado consolida a sua posição como principal rua de comércio em Portugal e mantém-se entre as 30 mais prestigiadas a nível mundial
Na edição deste ano do relatório, o Chiado consolida a sua posição como a artéria comercial mais importante de Lisboa e de Portugal, mantendo o 30.º lugar do ranking mundial das principais ruas de comércio. Esta zona histórica e emblemática da capital continua a ser um dos pontos turísticos mais visitados e uma das áreas com maior fluxo pedonal, combinando de forma única tradição e modernidade.
A elevada procura por espaços comerciais e a escassez de oferta tem impulsionado a reabilitação e reposicionamento de edifícios históricos. Um exemplo é a recente abertura da Well’s Chiado, na Rua Garrett, a maior loja de beleza e bem-estar do país, com 1.500 m² distribuídos por três pisos. Esta dinâmica de renovação tem respondido diretamente à procura crescente, sobretudo nas ruas perpendiculares à Rua Garrett, refletindo-se na valorização das rendas desde 2022.
Para João Esteves, Partner e Diretor de Retalho da Cushman & Wakefield em Portugal: “Localizado no coração de Lisboa, o Chiado afirma-se como o destino de retalho mais emblemático em Portugal. As prestigiadas Rua Garrett e Rua do Carmo, as mais procuradas pelos retalhistas, reúnem a maioria das marcas nacionais e internacionais de referência. Esta zona conta com 42% dos espaços dedicados à moda e uma proposta pensada para um público jovem e cosmopolita. Entre a cultura, o lazer e o estilo, o Chiado destacase como uma zona trendy e vibrante, onde a moda, a sofisticação e a autenticidade lisboeta se encontram, oferecendo uma experiência única e consolidando-se como o principal destino de compras e lifestyle do país.”
Globalmente, as rendas registaram um crescimento médio de 4,2%, com 58% dos mercados a apresentar aumentos. As Américas lideraram o crescimento regional, com uma subida de 7,9%, impulsionada sobretudo pelos efeitos cambiais na América do Sul. A Europa manteve um crescimento sólido de 4% face ao ano anterior, destacando-se os desempenhos de Budapeste e Londres.Já na Ásia-Pacífico, o ritmo abrandou para 2,1%, com o forte crescimento na Índia e no Japão a ser compensado pelas dificuldades económicas na Grande China e no Sudeste Asiático.
Destaques regionais
Europa
Londres destacou-se como o motor da recuperação das rendas na Europa, com a New Bond Street a registar uma subida de 22%, enquanto Oxford Street e Regent Street também apresentaram aumentos de dois dígitos. Na Europa Central, a Fashion Street, em Budapeste, foi a grande surpresa, com um crescimento de 33%, ultrapassando a Váci Utca como principal destino de retalho da cidade. Já Milão e Paris mantiveram o seu estatuto global, com rendas estáveis na Via Montenapoleone (€20.000 metro quadrado/ano) e nos Campos Elísios (€12.519 metro quadrado/ano), reforçando a sua posição entre as localizações mais prestigiadas do mundo.
Américas
As Américas mantiveram-se como a região com melhor desempenho, registando um crescimento médio das rendas de 7,9%. O maior destaque foi para a Oscar Freire Jardins, em São Paulo, que apresentou uma subida impressionante de 65%, avançando sete posições no ranking global. Na América do Norte, o crescimento foi mais moderado, com os Estados Unidos a registarem uma média de 2,5%. Enquanto a Upper Fifth Avenue, em Nova Iorque, permaneceu estável, Madison Avenue e SoHo registaram aumentos superiores a 8%, oferecendo uma alternativa atrativa com rendas 30% a 50% mais baixas. No Canadá, verificou-se uma recuperação significativa: a Robson Street, em Vancouver, reverteu a queda de 25% em 2024 para alcançar um aumento de 20% em 2025.
Ásia-Pacífico
O crescimento das rendas na região Ásia-Pacífico abrandou de 2,8% em 2024 para 2,1% em 2025, embora os resultados tenham variado significativamente entre mercados. As cidades de nível 1 da Índia lideraram a região, com o Galleria Market, em Gurgaon, a registar um aumento de 25%, seguido pelo Connaught Place, em Nova Délhi (14%) e pelo Kemps Corner, em Mumbai (10%). No Japão, Ginza e Omotesando, em Tóquio, apresentaram crescimentos robustos de 10% e 13%, respetivamente. Em contrapartida, as rendas em Tsim Sha Tsui, em Hong Kong, caíram 6%, para €13.907 por metro quadrado/ano. Na Austrália, o Pitt Street Mall, em Sydney, registou um aumento modesto de 4%, atingindo €7.294 por metro quadrado/ano, marcando um regresso ao crescimento após anos de estagnação.
Perspetivas
Os destinos de retalho de primeira linha continuam a superar as tendências gerais do mercado, mostrando resiliência face à incerteza económica e às mudanças no comportamento do consumidor. Apesar das taxas de juro se manterem elevadas, a pressão inflacionária está a abrandar e os bancos centrais sinalizam a possibilidade de novos cortes. Este cenário, aliado à estabilização da confiança do consumidor, ao crescimento dos salários reais e à recuperação do turismo internacional, deverá sustentar o bom desempenho do setor no próximo ano.